Lasana Lukata

 

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lasanalukata@yahoo.com.br

         
                       
   

Poesía

Epifania

I

uma fúria suave de buganvílias oferecendo-se às calçadas
por entre as grades das casas pelas tardes de inverno
buganvílias de ramos arqueados e retos
e passa a menina enamorada
e o rapaz lhe põe um cacho no cabelo
passa outra menina e se fotografa ao lado delas
os meninos as levam ao pique-bandeira:
bandeira branca, lilás, salmão, alaranjada...
do alto a garça crepuscular, visão binocular
branca branca branca
da paisagem se alimenta.
tardes de inverno
por que logo hoje para fora das grades
esse único ramo de buganvília vermelha
reto como uma espada ensanguentada
que acabou de sair do meu peito?

Lasana Lukata

II

junto ao rio

um vermelho flamboyant

sobre o flamboyant

mais de cem garças

e passa o frio vento do outono

derruba as flores vermelhas

e as garças guardam as cabeças

embaixo de suas asas

até aqui não é poesia

é só adulto observando

observação não é poesia

uma garça fria não é poesia

vermelho frio não arrepia

mas de dentro do adulto

salta o menino que

olhando a mesma cena diz:

as flores vermelhas caindo

são placas de sangue

das garças degoladas

pelo vento do outono


III

os meritienses vão chegando em bandos

e das dezessete e quarenta em diante

a praça se enche de conversa e pássaros.

ao largo a morte pinica:

o braço do rio engessado de garças.

 

       
                       
 

Biografía

Lasana Lukata: poeta por usucapião

Lasana Lukata nome literário de Cláudio Alves, poeta nascido em 14/03/1964, na antiga Estrada de Minas; oriundo de família de pedreiros, foi marinheiro de um contratorpedeiro que já não podia ser contra nada; navio que afundou nas águas de Durban a caminho da Índia ao ser rebocado para desmanche. (D34 Contratorpedeiro Rio Grande do Norte). Coincidentemente a vida de Lukata também afundou, de servidor federal caiu para estadual, hoje é servidor público da Prefeitura de São João do Meriti como trabalhador braçal, mas se afundaram o navio e o homem de guerra, emergiu o poeta, participando da Oficina Literária ministrada pelo poeta Ferreira Gullar em 2001, na UERJ, resultando na Antologia Poética “Próximas Palavras”; cursando Literaturas Portuguesa e Africanas de Língua Portuguesa, UFRJ; autor dos livros Meu Cartão Vermelho (crônicas), Multifoco, 2010, Caçada ao Madrastio (crônicas, 2010), Exercício de Garça, Íthacas, 2011 (Poesia); Separação de Sílabas, 2011 (poesia) Virtualbooks.